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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Arquivo público: mais respeito com documentos


A proximidade entre humanos e pombos, diz a Medicina Veterinária, pode acarretar doenças ao homem, em especial se houver contato com as fezes secas da pomba doméstica (columba livia). Inalá-las com a poeira urbana pode trazer de uma simples alergia de pele à sérios problemas de respiração e, até mesmo, afetar o sistema nervoso central. Tudo isso de forma praticamente invisível.
O contato com as fezes secas contaminadas por fungos pode provocar micoses e problemas respiratórios semelhantes à meningite, como histoplasmose e criptococose ou a clamidiose (bactéria), que causa sintomas variados, de febre à problemas na respiração.
Alimentos contaminados por fezes de pombos, que contém a bactéria Salmonela, trazem grandes prejuízos à saúde ao comprometer o aparelho digestivo com uma intoxicação alimentar. Além disso, ácaros de pombos provenientes de aves e ninhos podem causar dermatites em contato com a pele do homem.
A colônia cresceu à vontade
Apesar dessas advertências, uma quantidade crescente de pombos alojou-se no prédio que abriga o Arquivo Público Municipal desde 2010, sem que a defesa sanitária ou a secretaria de saúde tomasse qualquer providência para salvaguardar a integridade dos servidores daquele setor.   
Em pouco mais de dois anos, diz o coordenador Narciso Francisco da Silva, que trabalha no arquivo desde 2009, a colônia multiplicou-se em dezenas, centenas talvez de aves, confortavelmente alojadas sob o telhado sem forro ou em repouso nos cabos de aço com que o governo passado amarrou, por dentro, numa gambiarra, as paredes inseguras da construção mal feita e que ameaçavam desabar.
Narciso acompanhou a invasão das aves
A consequência, naturalmente, foi uma prolongada torrente de fezes sobre armários e caixas que deveriam guardar, com segurança e zelo, documentos que contam parcialmente a história de sucessos e desmantelos de uma cidade que chega aos cem anos maltratada pelo descompromisso de muitos administradores.

Fezes por toda parte
Novo secretário de Administração, Ademir Martins olha desconsolado o estrago que herdou no arquivo público: “Não sei como alguém pode deixar ficar assim documentos tão importantes para a história do município”, lamenta. Admite que a saída é a digitalização do que resta, antes que acabe. “Imagine, diz ele, que esses arquivos estavam jogados no outro prédio, em cima de uma fossa sanitária e pegando água de infiltração”.
Desolado, Ademir Martins folheia arquivo histórico
Neste buraco estavam os arquivos
Pelo menos por enquanto o patrimônio está a salvo dos pombos: com a ajuda da mão-de-obra municipal foram vedadas as brechas entre o alto das paredes e os caibros do telhado, de sorte que agora as aves não mais conseguem entrar. Mas ainda restam as fezes e sua ameaça maléfica e invisível espalhada entre e sobre estantes, caixas de papelão, pastas suspensas e o chão que causa embrulhos no estômago.


Servidores admitem: muito melhor agoranar legenda
Mas se você imagina que o prejuízo acaba aí, enganou-se. Inaugurado em 21 de maio de 2008, pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ciência e Tecnologia (governo Ana Júlia) com apoio do então prefeito Tião Miranda, o NavegaPará chegou a ensinar rudimentos de informática a algumas dezenas de interessados entre setembro de 2009 a outubro de 2010. Depois encalhou: seja por desinteresse do prefeito de plantão ou da nova administração estadual.
O Infocentro, agora, é só um amontoado de computadores sem serventia, a entulhar uma sala que poderia ter melhor aproveitamento.
Para Ademir, falta definir a quem pertence a sucata

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