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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A Marabá que jamais quisemos 2


16/10/2012
 População começa a reagir contra a sujeira na cidade

A falha no serviço de coleta de lixo na cidade continua se agravando a cada semana e deixa a população mais preocupada e revoltada. Uma demonstração dessa revolta se deu na madrugada e na manhã do último domingo (14), quando moradores e comerciantes da Avenida Boa Esperança e vias transversais, no Bairro Liberdade, indignados, interditaram a via com sacos de lixo, muitos dos quais foram queimados no meio da rua.

O trânsito ficou fechado até por volta das 11h, quando apareceu uma caçamba da Secretaria Municipal de Obras, que recolheu boa parte dos detritos que obstruíam a avenida, cujo bloqueio iniciou por volta das 2h da madrugada.
Um dos manifestantes, Yuri Alves, disse ao CORREIO DO TOCANTINS que a população do bairro está indignada como o fato de que o lixo está tomando conta não só da Boa Esperança, mas de todas as ruas daquela área da cidade.

"Como não podemos fazer nada, resolvemos nos manifestar dessa maneira. Não podemos admitir que em Parauapebas, por exemplo, você ande nas ruas e não veja lixo acumulado. E aqui, na maior cidade da região e quarta do Pará, esteja desse jeito", desabafou Alves, arrematando: "Estamos aqui apenas exigindo os nossos direitos. Só espero que o próximo prefeito olhe por nós e não deixe acontecer mais isso".

Indignação
Outro morador da Boa Esperança, Francisco Rodrigues Oliveira Filho, ressaltou que  já fazia mais de uma semana que o lixo estava ali a ninguém ia recolhê-lo, levando risco de doenças a pessoas mais vulneráveis, como crianças e idosos.

"O prefeito está quase terminando seu mandado e ainda não fez nada por nós, aqui do Liberdade. Por onde se anda, em qualquer rua, é lixo para todo lado. Hoje ele manda uma equipezinha para cá, porque nós protestamos, mas amanhã, quando vocês [a Imprensa] não estiverem mais aqui, tudo fica como antes", disse o homem, exasperado.  
Oliveira Filho diz que a população só resolveu partir para o protesto radical porque, apesar de o slogan da administração ser "O povo governando", o povo não manda em nada. "Como não temos esses poder, pois só quem manda mesmo são ele [o prefeito] e os secretários, a nossa única saída é protestar fechando a rua a fim de chamar atenção para essa situação", desabafou.

Outros protestos
No Núcleo Pioneiro, moradores da Rua Sete de Junho também protestaram contra o acúmulo de lixo, porém de forma mais bem discreta que os da Boa Esperança. Na calada da noite de sábado (13), um monte de sacos de lixo serviu de base para uma placa com foto do prefeito, tendo abaixo uma inscrição com termo impublicável.
Na Rua Sérvulo Brito, Bairro Cidade Nova, moradores também se indignaram e colocaram os sacos de lixo amontoados no meio da via, como forma de protesto.   

Na rede social Facebook, marabaenses criaram a campanha"Ponha Lixo na Frente da Prefeitura", que, até o final da tarde de ontem (15), já tinha 58 compartilhamentos e  65 pessoas já haviam curtido.

Outro lado
Ouvido em um programa de uma rádio AM local, acerca do acúmulo de lixo em toda a cidade e da falha na coleta, o prefeito Maurino Magalhães de Lima (PR) responsabilizou a empresa Leão Ambiental, que mantém contrato com a prefeitura de Marabá para esse tipo de prestação de serviço.

"A Leão Ambiental está fazendo corpo mole", disse o gestor, acrescentando que a prefeitura passou a também realizar a coleta, com 14 caçambas nas ruas e, em breve, dois carros coletores, que, segundo ele, estão sendo recuperados para entrar em operação.
Contatada pelo CORREIO DO TOCANTINS, a Leão Ambiental, em nota  assinada por Marcos Assis, do setor de Comunicação da empresa, em Ribeirão Preto (SP), informa que a prestadora de serviços enfrenta dificuldades financeiras por causa do não pagamento dos serviços por parte da prefeitura, mas afirma que, apesar desse atraso, superior a oito meses, vem efetuando todos os esforços para manter os serviços de limpeza de acordo com ordem de serviço da Administração Pública, cumprindo suas obrigações contratuais".

A nota finaliza dizendo que "houve um acúmulo de resíduos durante o final da campanha eleitoral, porém a situação está sendo regularizada apesar da falta de pagamento".
Em seu comunicado, a Leão Ambiental não cita valores, mas, pelo que foi amplamente divulgado à época da assinatura do contrato, que a Prefeitura de Marabá pagaria R$ 1.800.000 mensalmente pela prestação dos serviços, a conta em atraso já estaria em R$ 14.400.000. (Reportagem: Josseli Carvalho e Eleutério Gomes)

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