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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Na orla, Tocantins é merda pura

Do Correio do Tocantins:
04/08/2012
 Áreas da orla consideradas impróprias segundo pesquisa 

Pesquisadores da Faculdade de Ciências Agrárias de Marabá, da Universidade Federal do Pará (UFPA), e da Faculdade de Ciências Naturais da Universidade do Estado do Pará (Uepa), coordenados pela professora-doutora. Andréa Hentz de Mello, realizaram um estudo que alerta para os problemas de contaminação das águas e areias do Rio Tocantins.

De acordo com a pesquisa, que vem sendo realizada desde 2007, a população precisa tomar consciência dos riscos e colaborar para a preservação do meio ambiente enquanto é urgente a necessidade de o poder público tomar providencias imediatas em relação à gestão dos recursos hídricos de Marabá.
Andrea Hentz de Mello, Jana Daisy Honorato Borgo, Daniel Ramos Pontoni, Gustavo Oliveira, Sandro Ferreira Nascimento e Jéssica Barros Silva levaram em consideração que não há sistema de saneamento básico e todos os dejetos produzidos pela população são descartados no Rio Tocantins. O mesmo rio é a principal fonte de abastecimento de água na cidade, mas existem ligações diretas entre os sanitários das casas nos esgotos, que deságuam no rio sem nenhum tipo de tratamento.

Além disso, as praias formadas no rio também são fontes de lazer, mas, segundo o artigo, têm trazido preocupação aos órgãos ambientais e de saúde em virtude das areias apresentarem fontes de contaminação, o que é um risco à saúde humana. “Isto se deve ao descarte inadequado de lixo, presença de animais domésticos, fezes e outros”, diz o artigo.
Levando esses e outros pontos em consideração, os pesquisadores realizaram estudos nesses cinco anos para a verificação da qualidade das águas do Rio Tocantins a também da de suas areias, através do estudo de parâmetros microbiológicos, físicos e químicos, indicadores microbiológicos quantitativos para coliformes totais e coliformes termotolerantes.
Água
Os padrões de qualidade de água para consumo determinam que em 100 mililitros de amostras individuais, procedente de poços, fontes, nascentes e outras formas de abastecimento e distribuição canalizada, é tolerada a presença de coliformes totais, desde que haja ausência de E. coli e coliformes fecais, ou termotolerantes. Para a avaliação foram coletados cinco pontos de amostragem com três repetições para cada ponto ao longo do rio na área urbana de Marabá em abril e em julho de 2007, 2011 e 2012.
As análises de água revelaram a presença de coliformes totais, inclusive E. coli, e de coliformes termotolerantes em todas as amostras, o que é considerado ruim para o organismo humano. De acordo com os valores obtidos e comparando – os com os valores que são permitidos pela portaria do Ministério da Saúde, todas as amostras apresentaram valores acima dos aceitáveis nas épocas da cheia e da seca.
A maior concentração de coliformes termotolerantes foi encontrada próxima a uma descarga de esgotos domésticos e a menor concentração está no meio do rio. As águas são consideradas impróprias para banho quando no trecho avaliado for verificada a presença de 2500 coliformes fecais e, de acordo com o estudo, 80% dos pontos obtiveram valores impróprios na cheia e 70% na época da seca.
Areia
Para a coleta de areia três áreas foram selecionadas e as amostras foram sendo depositadas em sacos estéreis e transportadas ao laboratório em temperatura de 4 graus centígrados. Em duas destas áreas foi percebida a presença de várias espécies de fungos, principalmente o aspergilo sendo encontrado em 80% dos casos em areia seca. Estudos realizados no Rio de Janeiro, São Paulo e Portugal também apontaram resultado semelhante, uma vez que é na faixa de areia seca que se encontram resto de alimentos deixado pelos banhistas e grande quantidade de resíduos sólidos, favorecendo a sobrevivência dos fungos.
Este fungo pode causar rinite aguda, asma e pneumonia de hipersensibilidade por inalação, como também aspergilose e infecções oportunistas atingindo cavidades pulmonares, cérebro, fígado, peles e outros. Os pesquisadores apontam que a presença do fungo comprova que as areias da praia do Tucunaré estão contaminadas, trazendo riscos à saúde humana principalmente de indivíduos com a imunidade alterada.
As informações apresentadas no artigo fazem parte de trabalhos de conclusão de curso de alunos de ambas as faculdades e demais artigos científicos que foram publicados na XVIII Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água ocorrida em Terezinha no Piauí e no XXI Congresso Latinoamericano de Microbiologia, que ocorrerá em outubro deste ano em Santos (SP). (Luciana Marschall)

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