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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Ações tardias contra maus prefeitos

Em andamento, no Pará, um festival de tiro aos maus gestores. São ações tardias, é verdade, mas devem prestar-se para alguma coisa. Infelizmente elas só não acontecem (e, se algum dia aconteceram, não dão certo) em Marabá.


Vejam aí:


Ex-prefeito de Trairão (PA) acusado por crime e improbidade administrativa

O ex-prefeito de Trairão (PA) Ademar Baú foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo crime de desvio de verbas públicas e por improbidade administrativa. As duas ações foram encaminhadas à Justiça Federal nesta quinta-feira, 17 de maio. Investigações do MPF apontaram que Baú desviou R$ 375,8 mil em recursos provenientes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O ex-tesoureiro do município Gilberto Seben também é acusado nas duas ações pelas mesmas ilegalidades.
Caso condenados, os ex-gestores podem ser punidos com dois a doze anos de reclusão, pela apropriação ou desvio de verbas. Pela improbidade administrativa, a pena pode ser de perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa e proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
Em 2006, a prefeitura de Trairão fez convênio com o Incra para construção de estradas para assentamentos localizados no município. Pelo acordo, o governo federal investiria R$ 720 mil e a prefeitura entraria com uma contrapartida de R$ 72 mil.
O Incra depositou o valor combinado, mas a prefeitura não. Além disso, o ex-prefeito e o ex-tesoureiro municipal sacaram na boca do caixa os recursos depositados pelo Incra, o que é ilegal. Instrução Normativa da Secretaria do Tesouro Nacional exige que a movimentação financeira seja feita, exclusivamente, mediante cheque nominativo, ordem bancária, transferência eletrônica disponível ou outra modalidade de saque autorizada pelo Banco Central em que fiquem identificados a destinação e o credor dos recursos.
A construção dos 47 quilômetros de estradas não foi completada. Cerca de 10% dos trabalhos não foram realizados e não houve a devolução de quase R$ 75 mil correspondentes os recursos não aplicados.
Além disso, os acusados apropriaram-se de R$ 300,8 mil do convênio, e, para justificar a correta aplicação do recurso, tentaram enganar o Incra apresentando notas fiscais de pagamento de compras de combustíveis que não foram consumidos nas obras, informou à Justiça o procurador da República Cláudio Henrique Cavalcante Machado Dias, autor das ações.
“Nos contratos de locação das máquinas e veículos para construção da estradas vicinais objeto do convênio, não há previsão de que o fornecimento de combustíveis seria por conta da prefeitura, sendo de responsabilidade das próprias empresas contratadas, razão pela qual as notas fiscais e ordens de pagamento apresentados na prestação de contas não se deram com recursos do convênio, e mais absurdo, dentre os combustíveis supostamente adquiridos, consta a aquisição de 16,5 mil litros de gasolina, mas os veículos e máquinas utilizadas na execução das obras objeto do convênio não são movidos à gasolina”, observou o procurador da República no texto das ações.

Vereadores afastam prefeito de Salinópolis
Seis vereadores dos nove que compõem a Câmara Municipal de Salinópolis, no nordeste paraense, votaram pelo afastamento do prefeito Vagner Curi (PR), por improbidade administrativa, durante 90 dias, período em que o Ministério Público terá para fazer o levantamento das acusações que envolvem o prefeito relativas às licitações irregulares. Durante este tempo, o viceprefeito Gugu Palha (PSC) assume a prefeitura do município.
A votação aconteceu durante a sessão ordinária de ontem, quando os vereadores Francisco Machado (DEM), Jamile Corrêa (PT), Nilson Santa Brígida (PSD), Wilson Nunes (PMDB), Fábio Gomes (PSDB) e Márcio Wanderson se manifestaram contra a permanência de Vagner Curi à frente do Executivo municipal.
Sem que houvesse alarde, a votação foi colocada em pauta e apenas o vereador Antônio Plácido (PR) teria esboçado uma tentativa de tumultuar a sessão, na esperança que a decisão mais uma vez fosse adiada, mas foi uma frustrada investida.
Além de Antônio Plácido, apenas o vereador Anderson Sá, que também é correligionário do prefeito, e Antônio Marcos (PV) votaram contra o afastamento de Vagner Curi. A reportagem tentou conversar, na noite de ontem, como prefeito afastado e o vice que assumirá o cargo durante os próximos 90 dias, porém ambos não foram localizados. (Diário do Pará)

MPE procura R$2 milhões na prefeitura de Bujaru
Policiais civis e agentes do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Geproc), órgão ligado ao Ministério Público do Estado (MPE), cumpriram quinta-feira (17) mandado de busca e apreensão na Prefeitura de Bujaru. A ação foi movida pelo MPE, que denunciou a gestão municipal por improbidade administrativa, depois que a Controladoria Geral da União (CGU) encontrou fraudes na aplicação dos recursos federais destinados às áreas da Saúde, Educação, Administração e Assistência Social. Ao todo, são mais de R$ 2 milhões que o Município deveria prestar contas com a União para apontar onde e como o dinheiro foi gasto. A maioria das irregularidades foi encontrada em processos licitatórios.
De acordo com o promotor de Justiça de Bujaru, Laércio de Abreu, no início deste mês, o MPE recebeu o relatório da auditoria feita, pela CGU, nas contas da prefeitura entre os dias 17 a 21 de outubro do ano passado, onde foram encontradas algumas irregularidades que implicam em crime contra a administração pública. No relatório, a CGU ressalta, por exemplo, que somente em 2009 o Fundeb repassou R$ 10 milhões em recursos e investimentos para a prefeitura de Bujaru, dinheiro este que não teve a destinação correta. “A lei diz que 60% (R$ 6 milhões) desse recurso é para manter a sala de aula em funcionamento. A prefeitura utilizou apenas quatro milhões. O restante deveria ser repassado como abono aos professores, porém apenas R$ 69 mil foram repassados como essa gratificação. É quase R$ 1 milhão que a prefeitura, por meio da Secretaria de Educação, tem que dizer o que foi feito e onde este dinheiro foi aplicado”, citou Laércio.
O promotor aponta também, como irregularidade, o pagamento de R$ 231 mil em serviço de transporte escolar sem licitação. Aliás, diversos processos licitatórios e ausência de alguns deles também estão sob a investigação do Ministério Público. “A prefeitura não apresentou os processos licitatórios”, reforçou Laércio de Abreu. Ele também citou que a prefeitura de Bujaru gastou cerca de R$ 1 milhão em compras fracionadas, que também se deram de forma irregular.
Todos os processos licitatórios realizados de 2010 até este ano foram apreendidos pelo MPE. Ao todo, foram 30 malotes de papéis, documentos e CPUs apreendidos para serem analisados pela perícia. A partir deste material é que o MPE vai retirar novas provas sobre a malversação de recursos federais públicos. “A princípio, a ação foi contra a pessoa jurídica (a prefeitura municipal). Nenhuma denúncia foi feita contra o prefeito Lúcio Antônio Faro Bitencourt e seus secretários municipais”, atentou o promotor.
Ele frisou que o interesse do Ministério Público é descobrir a quantidade total de recursos desviados e em quais setores (secretarias municipais) foram feitos esses desvios. “Com isso vamos encontrar quem seriam ou quem foram os beneficiados”, frisou Laércio. Lúcio Faro e os secretários poderão ser chamados para depor nos próximos dias.
Esta é a segunda vez que o MPE entra com uma ação contra a prefeitura de Bujaru por irregularidades no uso de recursos federais. “A mesma coisa aconteceu na gestão anterior”, disse o promotor.
Tranquilo - Segundo o coordenador do Geproc, Milton Menezes, a ação em Bujaru foi tranquila. “Não houve resistência e nenhum transtorno aconteceu e a própria administração colaborou com os trabalhos”, citou. A maioria do material apreendido foi retirada do prédio da prefeitura. O único que foi feito fora da sede da administração municipal foi a busca do material na Secretaria Municipal de Saúde, que fica em outro prédio. (Diário do Pará)

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