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quinta-feira, 23 de junho de 2011

A poesia também é luta

É de Chagas Filho o texto mais belo e humano que li, nesses tempos sem solidariedade e compreensão.

Leiam:




Já foram tarde (venda nos olhos)


Escrotos, voltaram para o lugar donde vieram.

Foram embora bem na hora.

E já se foram tarde.

Nenhum de nós há de sentir sua falta.

Muito menos nós, os ilhados.

Agora sim.

Tenho o direito de ir e vir.

Agora sim.

Tenho uma rodovia inteira pela frente, toda liberada...

Posso embarcar no meu ônibus lotado e suado.

E ganhar o meu pão miserável.

Posso ir ao trabalho e ser demitido.

Posso ir ao médico e passar oito horas na fila de espera.

Posso fazer minhas compras tranquilo.

Posso pagar cinco reais num quilo de tomate.

Posso xingar-lhes sem ganhar uma porretada na cabeça.

Posso.

Posso ir, vir, voltar, pular, rodear, passar direto, fazer voltas.

Enfim, posso curtir minha miséria.

A miséria que não é só minha.

É também dos infelizes que levaram suas barracas para longe daqui.

Mas pelo menos...

Pelo menos eles foram embora.

Já foram tarde, esses brigões, esses valentões.

Esses aí que acham que têm o direito de existir.

Que acham que têm o direito de ir e vir.

Já foram tarde.

Já foram...

Tarde.

É tarde.

Nunca é tarde.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ao gosto deles, do diabo e seus apaniguados

De Hiroshi Bogéa on line, terça-feira, 21.

Do jeito que o diabo gosta
Já estão comemorando a reativação da União dos Vereadores do Sul e Sudeste do Pará como instrumento de apoio à criação dos Estados de Carajás e Tapajós. No fundo, sinal de dinheiro público a ser drenado pelo esgoto como nos velhos tempos da famigerada Uvespa.
Vão voltar a meter a mão num dinheiro que poderia estar sendo canalizado a causas bem mais justas.
Essa tal de Uvespa é um das entidades que mais torraram dinheiro do contribuinte, comandada por vereadores irresponsáveis.
Agora, com a esfarrapada desculpa de que estará à serviço dos “novos estados”, a possibilidade de escancarar o avanço de rapinagens começou a assanhar outra vez a catrapinagem.
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Atualização às 10:22
Em resposta a uma comentarista autodenominada Márcia, que tenta desqualificar o post acima, jornalista Eleutério Gomes dá o troco, em cima da cobra:

Eu, como jornalista, estive presente quando da reativação da Uvespa, aqui em Marabá, no Auditório “Eduardo Bezerra”. Um dos convidados foi o prefeito de Lucas do Rio Verde, na época município muito progressista de Mato Grosso. Em seu discurso, ele contou que esse progresso todo se deu porque, quando assumiu, enxugou todos os gastos excessivos da máquina pública, inclusive dispensando várias empreiteiras que eram pagas para fazer serviços que a prefeitura tinha condições de fazer, porque dispunha de maquinário e pessoal competente. Na ocasião, ele disse também que, em Lucas do Rio Verde – na época -, vereador não via a cor do dinheiro da administração municipal em troca de apoio político na câmara, pois, segundo ele, governava com transparência e não dava motivo para barganhas nem para farra com o dinheiro do contribuinte.
Ao terminar sua fala, foi efusivamente aplaudido. Mas, pelas costas, recebeu adjetivos pejorativos como “babaca”, “metido a besta”, “imbecil” e “otário”, proferidos por vários vereadores que minutos antes batiam palmas, não só de Marabá quanto de outros municípios, muitos, ainda com mandato até hoje.
Isso prova, dona Márcia, que o Hiroshi, infelizmente, deve ter suas razões para fazer as afirmativas constantes de seu comentário.
Digo, infelizmente, porque o dinheiro gasto nessas esbórnias sai do nosso bolso, dos impostos pagos com os nossos suados ganhos. E são impostos altos, pesados, que não deveriam ser empregados em financiar apoio político ou servir de moeda de troca.
Eleutério Gomes – Jornalista

Sem-terra encerram protesto no Incra

Por Ana Paula Grabois, do Valor

Na maior manifestação desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) terminaram ontem o acampamento que durou 43 dias em uma praça na frente da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Marabá.
A manifestação, que reuniu 5 mil pessoas, sinalizou para o fim da trégua dos movimentos fundiários com o governo da presidente Dilma Rousseff. "Há quase uma década não fazíamos manifestação conjunta. Foi um ganho político", disse ontem o coordenador do MST no Pará, Erivaldo Martins Carvalho.
Depois de negociações infrutíferas com o Incra e do agravamento da questão com o bloqueio da rodovia Transamazônica na cidade, os sem-terra foram chamados pelo governo para conversar na segunda-feira. Voltaram de Brasília com boa parte da pauta de reivindicações atendida.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) liberou R$ 150 milhões para assistência técnica aos assentados, construção de estradas e desapropriação de 3 das 70 invasões de terra no sul e sudeste do Pará até o fim deste ano. Em 2010, o MDA destinou R$ 8 milhões à região.
Os movimentos pela terra receberam do governo a promessa de eletrificação em todas as áreas de assentamento e conseguiram agendar reuniões para tratar de regularização fundiária, licenciamento ambiental e proteção aos cerca de 300 líderes de trabalhadores rurais jurados de morte na região. "Os ministérios, depois de muito tempo, abriram as portas para a gente", afirmou Viviane Oliveira, da coordenação da Fetraf.
Como parte negativa da negociação, ela destaca as divergências com o governo na discussão das novas desapropriações. Das 15 mil famílias vivendo em terras invadidas, o governo vai assentar mil famílias. "É pouco, é um problema. Se não resolver a questão fundiária, vai continuar a violência", disse. Em menos de um mês, quatro lideranças de trabalhadores rurais foram mortos na região Norte.
Na semana passada, os acampados bloquearam a Transamazônica durante dois dias. A rodovia corta a cidade de Marabá e o acesso à parte da cidade que concentra comércio e serviços foi bloqueado. Bancos, fórum e lojas ficaram fechados.
O governo federal chegou a enviar homens da Força Nacional e o governo do Pará mandou a tropa de choque da Polícia Militar para evitar mais interdições de vias públicas. No cronograma de novas conversas, foi marcada uma reunião com a Vale, cujas ferrovias são alvo frequente de interdições por parte dos sem terra. A mineradora planeja instalar um ramal de linha de trem entre a cidade de Parauapebas e a mina de Sossego que passará por três assentamentos.
Ontem, o Ministério Público Federal (MPF) de Marabá instaurou inquérito para apurar as condições dos assentamentos e acompanhar o trabalho do Incra. Para o procuradores do MPF de Marabá, Tiago Rabelo e André Raupp, há "problemas sérios" na política de reforma agrária da região, com grande número de grilagem de terras da União, desmatamento irregular e desvio de verbas de assentamentos.
Segundo os procuradores, existe "evidente descaso do Incra com os projetos já implantados", a maioria sem licenciamento ambiental, infraestrutura básica, assistência técnica, escolas e fiscalização da aplicação dos créditos aos assentados.

O pato e o pacto

"O pacto", segundo Chagas Peter Pan Filho, na sua Terra do Nunca:

Não foi uma e nem duas vezes que representantes de entidades em  Marabá denunciaram a insubordinação de alguns secretários municipais em relação às ordens do prefeito Maurino Magalhães.
Interessante é que essas reclamações são direcionadas a secretários que já estavam no cargo desde a época em que Tião Miranda era prefeito.
Já houve caso em que um secretário simplesmente rasgou um ofício assinado por Maurino (determinando realização de obras), jogou o papel no lixo e mandou os contribuintes irem se queixar para o próprio gestor.
Dizem por aí que isso tudo tem uma explicação... bem lá atrás... mais especificamente em 2005.
Naquela época, o então prefeito Tião Miranda foi cassado e Maurino Magalhães (que era presidente da Câmara) assumiu a prefeitura e nela ficou durante cinco meses e alguns dias.
Nesse período, ele conseguiu angariar a “simpatia” de muitos secretários que já tinham determinado “status” na prefeitura e que foram mantidos no poder depois que Maurino foi eleito prefeito, em 2008.
Agora, o gestor parece não ter poder sobre tais secretários. Eles conseguem ser mais reais que a realeza.
É isso. Essa é nossa Marabá, “terra bendita”, “relicária” e “graciosa”.
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Bem feito!
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Qualquer hora lhes conto das últimas reuniões do pato com turma sem controle. 
Aguardem.

Efeito colateral

Presidente executiva da Alfândega da Bolívia, Marlene Ardaya, disse que o país pretende devolver ao Brasil carros, motos e caminhões roubados que possam estar em território boliviano. Ela espera, entretanto, que o país entregue a autoridades bolivianas um documento listando esses veículos.
Segundo Marlene, todos os veículos roubados que estiverem na Bolívia serão devolvidos não apenas ao Brasil, mas também ao Peru, ao Paraguai e ao Chile. A declaração foi feita após a polêmica criada com a recente decisão do país de legalizar carros que estejam circulando sem documentação.
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Devolvidos os veículos, os bolivianos vão ter que andar a pé.

Lubrificando armas e armadura

Os caras já sentiram que a parada não tem retorno.
Primeiro disseram que não o troço não passava no buraco de agulha em Brasília.
Aí passou.
Disseram, então, que a Assembléia Legislativa - essa daqui, caindo de podre - não ia concordar.
A federação das indústrias, que nunca investiu nada na colônia, rugiu como um rato acuado.
Problema da federação.
Daí os opositores mudaram o discurso: "a emancipação vai criar um estado violento e outro pobre".
Santa estupidez!
Era só o que faltava!
Se há violência e pobreza, é porque o Estado, ainda do Pará, não conseguiu, em 300 anos, sequer nivelar por baixo as inúmeras senzalas econômicas, políticas e sociais espalhadas no interior.
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Não fui à reunião de imprensa realizada pelo Comitê pró-Carajás para homogeneizar o discurso emancipatório.
Sou a favor,é claro. Mas prefiro lutar com minhas próprias dificuldades de relacionamento com quem quer que seja..
Ademais, Ademar e Ademir, acho que não podemos (nem devemos!)  perder o senso crítico. 
O quadro que já se delineia, em termos de gerenciamento superior do estado que queremos, vai dar um trabalhão para se enquadrar nas exigências de uma nova realidade política e social.
Carajás, sim. Mera troca de capatazia, não.


“Legislativo sem qualidade”

Vereador Leodato Marques (PP)não perdeu tempo: já apresentou projeto de emenda a Lei Orgânica de Marabá, proponto o aumento de 13 para 21 o número de vereadores em Marabá, eleitos a partir 2012.
A proposta tem apoio da maioria dos edis, a pretexto de que o aumento das cadeiras vai possibilitar mais representatividade dos bairros.
Voz dissonante, Edivaldo Santos (PPS) diz que isso não vai melhorar em nada o município: “O Poder Legislativo local não está precisando de quantidade e sim de qualidade. Hoje temos 13 vereadores na Câmara Municipal, sendo que 10 é base aliada do prefeito e somente 3 são base de oposição. Se aumentar para 21, com certeza a maioria vai ser base do Executivo, e quando se é base de governo, dificilmente o papel do legislador vai ser exercido 100%”.
Quanto a dizer que melhora a representatividade dos bairros, ele também não concorda: “Na folha 28 há três  vereadores e o bairro nunca melhorou em nada.  A Câmara Municipal tem que mostrar para que veio e ser um poder independente e fiscalizador e não servir de apoio a gestor nenhum, cada poder tem que fazer o seu papel”.

Livre pela solidariedade, condenado pela justiça

A Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou ontem uma Nota Pública em que trata da decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, sobre  recurso de apelação impetrado pela defesa do advogado José Batista Afonso, da CPT de Marabá.
Veja a nota:   

"A Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região julgou ontem, 20 de junho, o recurso de apelação impetrado pela defesa do advogado José Batista Afonso, da CPT de Marabá. O recurso visava a reforma da sentença do juiz federal de Marabá, que condenou o advogado a 2 anos e 5 meses de prisão, em regime aberto.  No julgamento de ontem, os desembargadores do TRF votaram pela manutenção da condenação, mas concordaram com a tese da defesa sobre a redução da pena. O tempo de pena fixado na sentença de 2 anos e 5 meses foi reduzido para 1 ano e 11 meses. A redução abriu caminho para a decretação da prescrição.
Os desembargadores também reformaram a sentença no que se refere ao direito de substituição da prisão pela pena alternativa. Na sentença do juiz federal de Marabá ele tinha negado essa possibilidade. No entanto, a prioridade agora é o reconhecimento da prescrição, pois, com essa medida, se colocará, definitivamente, um ponto final no processo.
Batista foi condenado como culpado pela ocupação da sede da Superintendência Regional do Incra, em Marabá, por cerca de 10 mil trabalhadores e trabalhadoras do MST e da Fetagri, em 1999, na época em que ele ainda não era advogado, mas já prestava assessoria aos movimentos sociais. Ele fazia parte da mediação das negociações entre o grupo de trabalhadores e o Incra. As alterações na sentença valem, também, para Raimundo Nonato Silva, à época dos fatos coordenador regional da Fetagri Pará e condenado à mesma pena que José Batista.
A Coordenação Nacional da CPT se sente aliviada por não ver um de seus valorosos agentes atrás das grades, mas sente um profundo pesar pela manutenção da condenação, embora reduzida. Mesmo que este julgamento represente de certa forma uma vitória, ele é um claro exemplo de que os pesos da justiça no Brasil são diferenciados. Enquanto a impunidade se mantém constante - das 1.580 pessoas assassinadas em conflitos no campo de 1985 a 2010, apenas 91 casos foram julgados, com só 74 executores e 21 mandantes condenados e destes só um se encontra preso -  um defensor dos direitos humanos é condenado. Isto no contexto dos assassinatos de trabalhadores que aconteceram desde o dia 24 de maio último, e que encontraram em José Batista uma das vozes que mais se levantou na denúncia da violência e de suas causas geradoras.
A Coordenação Nacional expressa a José Batista todo seu apreço pelo trabalho desempenhado com a maior competência e dedicação e espera que a marca que carrega pela manutenção desta condenação não o desanime, mas antes lhe dê novo ânimo para continuar lutando ao lado dos homens e mulheres do campo, como sempre tem feito.
A Coordenação Nacional também agradece o apoio e a solidariedade de milhares de pessoas que se manifestaram através de cartas, mensagens, abaixo-assinados, orações, exigindo o fim da condenação. Juntos sonhamos com o raiar de um novo amanhã pleno de justiça e dignidade.
Goiânia, 21 de junho de 2011.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Luan Santana

Em Belém, quatro assaltantes foram surpreendidos por seguranças de um shopping, depois de roubarem cerca de R$ 200 mil da renda do show do cantor Luan Santana.
Uma pessoa morreu durante troca de tiros.

Pois é...

Caminhada dos acampados no Incra até à Velha Marabá não teve outro objetivo senão tumultuar a vida e o trânsito da cidade.
Autoridades fazem de conta que nada está acontecendo, mesmo com o engarrafamento monstruoso.

De novo

A impunidade premiada, é o que pode acontecer com o
prefeito desta cidade sem lei
Marcada para hoje, 20 de junho, a oitiva de Maurino Magalhães pela Justiça Eleitoral no escândalo do caixa-dois que o elegeu em 2008 foi adiada mais uma vez. A juíza Cláudia Favacho Moura teve de viajar e nova data será agendada.
Há quem diga, já, que o mandato dele acaba naturalmente e ele não será julgado.
Aliás, só faltam mesmo um ano e seis meses para que ele saia lépido e fagueiro, candidato à reeleição com apoio da petralha.