Pages

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Descaso com a cultura em São Félix


O Grupo de Ação Cultural de São Félix, bairro à margem direita do Tocantins, realiza hoje a V Brecha Cultural da Consciência Negra inaugurando biblioteca comunitária como parte das suas atividades anuais. Há tempos os ativistas culturais vêm se desdobrando para angariar livros junto a pessoas e instituições, e acabam de descobrir que o bairro já teve uma biblioteca pública com mais de 4.000 volumes, cujo espaço físico foi desativado e transformado em delegacia de polícia. 
- “Em 2006, conta Deyze dos Anjos, integrante do grupo, os livros e toda sua infra-estrutura foram realocados para a escola pública de ensino fundamental Jarbas Passarinho que, ao ser "informatizada", precisou de um espaço físico e adivinhem qual escolheram? Mais uma vez a biblioteca foi relocada, livros trocados por computadores e internet, a pesquisa substituída pelo clique no Google.”
Contudo, até hoje a sala de informática da escola não funciona. Ou seja, nem no Google nem nos livros os estudantes do bairro podem pesquisar, estudar, apreciar um bom livro.
“Os livros (comprados com dinheiro público municipal, estadual e federal) iam ser incinerados! Só escaparam porque moradores como Remi e Iramar tomaram a frente, acondicionaram os livros em caixas e guardaram nas suas residências”, denuncia Deyze dos Anjos. Segundo ela, Bruno de Menezes, João de Jesus Paes Loureiro, Augusto dos Anjos, Rubem Alves, Boletins do Museu Emílio Goeldi, Coleções completas da Barsa, Haroldo Maranhão, livros infantis, infanto-juvenis e acadêmicos - livros raros, difíceis de encontrar hoje em dia - quase viram cinzas.
Apesar do empenho dos dois moradores, Remi e Iramar, o tempo, as traças e cupins devoraram parte do acervo.
“Você nem imagina nossa felicidade ao encontrarmos registros de leitores,  freqüentadores e pesquisadores assíduos do bairro nos idos de 1987 a 2006. Que são hoje educadores, diretores de associação, funcionários públicos municipais, estaduais e federais, ou estudantes de graduação e pós-graduação. Por tudo isto, quero aqui deixar minha indignação e revolta para com poder público municipal de Marabá e seus gestores por permitir que esta biblioteca histórica da cidade fosse desativada.
Mas o grupo acha que nem tudo está perdido e já se empenha em resgatar e reconstruir a biblioteca do povo de São Félix.

Nenhum comentário: