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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ciranda de amor pro Cabelo Seco

A pretexto de comemorar seus 113 anos de fundação, contados a partir de 1898 quando Francisco Coelho saiu do Burgo do Itacaiúnas - logo abaixo, à margem esquerda do Tocantins -, e armou seu barracãoMarabá” no vértice das águas, a comunidade do bairro do Cabelo Seco isolou um pedaço de rua e mostrou porque continua sendo o bairro mais artístico desta cidade.  Foi à noite de domingo, 6 de junho.
Haroldo Júnior e Dagberto Nogueira me deram uma carona e fomos até . E foram horas de encantamento. Em mim, a primeira pancada foi ver o grupo Mair-abá exibindo o mais delicioso carimbó desta parte do mundo, sob a batuta dos irmãos Santis, liderados pela Rosa, educadora e baronesa da Rua Rio Branco. Sua irmã Karla Santis dançava. E enquanto dançava, arcanjos a espreitavam em silêncio, quedos, enredados no volteio da saia de folhos coloridos, perdidos ante o ventre, antes liso e miúdo, agora enorme à véspera da procriação.
Há, entre arcanjos e Karla, diferenças essenciais. Arcanjos, por exemplo, não dançam nem sorriem na sua triste sina de seres eternos. Karla é humana como poesia e sorri todo o tempo em que faz do corpo a extensão da própria música. Karla não precisa de muito esforço para ser vista com sua aura de citrino espanto, ao contrário de arcanjos obscuros e cinzentos. 
Quando nos sentamos na calçada, ela diz que o parto será dia 19 deste junho ensolarado e ardente e que sua filha vai chamar-se Luanda porque tem um amigo poeta que é pai de uma jovem assim denominada. Abracei-a com ternura e afaguei seus cabelos, de repente mudo e assombrado como um dos tristes arcanjos. Dessas emoções de reencontro subiu-me um imenso na garganta e bateu um langor de angústia e alegria no coração. Mal deu para perceber a entrada do boi-bumbá, cheio de adolescentes, e da quadrilha com adultos e crianças desde cedo empenhadas na preservação e sobrevivência da cultura.
À nossa ilharga, tantos amigos que nãopara registrar: Laudi, Carmina, Messias, Geraldão, Ana Luiza, Bilu, Hermes, Josi da Semed, Nenzinha, Manoel Gato e Zequinha. Os Estumanos bzrulhentos e Pedro Castro também estavam . Infelizmente não vi Cateba, nem Kilindô, nem Maroquinha, minha paixão bailarina da escola de samba que fundamos nos anos 60. Quando indaguei por Lázaro do Carmo e João Pezão, alguém me disse que eles passaram por .
Mas havia muita gente sim! Principalmente os que dançavam ao derredor da minha saudade

2 comentários:

AIRTON SOUZA disse...

NÃO É TOA QUE DIGO, "ESSE POETA É O MAIOR DE TODOS POR AQUI". NÃO É FACIL FAZER DE UMA SIMPLES NOITE "QUALQUER", SEM PEJORITIVISMO É CLARO, UM TEXTO TÃO BELO IGUAL A ESSE. A INVOCAÇÃO DAS LEMBRANÇAS DO PASSADO, O ENLACE DOS ARCANJOS MENORES QUE A POESIA, PORQUE A VIDA VALE MAIS.
É ADEMIR, O QUE SERIA DA TERRA DE FRANCISCO COELHO SEM HOMENS IGUAL A VOCÊ.
SE FOSSE EU NARRANDO ESSA HISTÓRIA, AS LEMBRANÇAS SERIA TOTALMENTE DIFERENTE, PORQUE A MINHA LISTA DE AMIGOS SÓ EXISTIRA MESMO NA LEMBRANÇA, ISSO PORQUE ELES JPA FORAM E DEVEM ESTÁ POR AI A PROCURA DE ANJOS E ARCANJOS.

PARABÉNS, VOCÊ É MUITO BOM NISSO.

ABRAÇOS DE SEU AMIGO AIRTON SOUZA - MARABÁ

Plinio Pinheiro Neto disse...

Amado amigo e colega.

Rodrigues Pinagé, Principe dos Poetas paraenses disse em um de seu poemas: "meu coração tem catedrais imensas" e assim é teu coração para poder abrigar as maravilhosas lembranças de tua criancice e juventude despreocupada e feliz, às margens do Itacaiunas (rio das Pedras Pretas). Gosto quando abres o teu baú de relembranças e de lá retiras os inesquecíveis fantasmas de nosso passado e os trazes para percorrer as ruas de hoje, estranhas e temerosas para eles, vindos que são de tempos tranquilos e longinquos.Belas também as referencias à jovem Santis, tronco ainda verde de uma familia que tantos serviços prestou e ainda presta à estruturação de nossa Marabá.Espero que continues a alimentar nosso relicário de saudade com os tesouros que guardas na memória.
Um grande abraço.
O amigo e colega

Plinio Pinheiro Neto