Pages

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

As novas sobre Espadarte

Do blog Hupomnemata


Uma notícia surpreendente correu no estado na semana passada: a de que a Vale teria comprado uma área com 3 mil hectares no local onde se planeja construir, no futuro, o porto de Espadarte, projeto ambicioso, que coloca o Pará no topo da economia portuária brasileira e mesmo latino-americana.
O porto do Espadarte encurtaria em 400 km a distância entre Carajás e o terminal de exportação atual, o porto de Itaqui, no Maranhão. Além disso, permitiria a atracação de navios de altissimo calado, - cerca de 25 metros - tornando-se um dos únicos portos do mundo a permitir embarques desse tipo. Na verdade, desde sempre a ferrovia pela qual se exporta o minério de ferro de Carajás deveria ter sido na direção de Espadarte. Havia estudo para isso e sempre se soube que Espadarte é superior, economicamente falando, a São Luis. O entanto, prevalesceu a pressão política feita por José Sarney, muito mais forte que os argumentos racionais que apontavam Espadarte como a solução correta.
A área foi comprada por R$ 10 milhões à RDP Empreendimentos, do holandês Hendrik van Scherpenzeel e se espalha por quatro ilhas: Ipomonga, Areuá, Marinteua e Romana.
Ao fazer a aquisição, a Vale passou na frente numa corrida silenciosa que vinha ocorrendo há uns cinco anos e que envolvia investidores chineses, americanos e o mega-empresário brasileiro Eike Batista.
Porém, Espadarte coloca uma questão ambiental de primeira grandeza, pois produz impacto sobre a reserva extrativista Mãe Grande de Curuçá.A reserva ocupa uma área de 35 mil hectares onde vivem 32 mil pescadores, espalhados em 52 comunidades.
Há tempo para o debate. O porto não é, com certeza, para já. De acordo o que foi divulgado, é pouco provável que a construção seja iniciada antes de 2015. Isso se deve ao fato de que a Vale efetuou, recentemente, investimentos de duplicação de techos da ferrovia Carajás-São Luis e, também, investimentos no porto de Itaqui.
O porto de Vila do Conde, em Barcarena, a 37 km de Belém, não constitui uma alternativa concreta para a Vale, e isso por duas razões: não permite atracação a um calado tão elevado e não tem condições de absorver a produção da Vale, pois está comprometido com a demanda da hidrovia do Tocantins, inaugurada em dezembro, que prevê um volume de 70 milhões de toneladas de carga por ano.
Em qualquer situação, na verdade, Espadarte não substitui Itaquiu. A sua função seria complementar a capacidade de exportação da Vale.
Essa recente expansão de Itaqui, no valor de US$ 1,2 bilhão, habilita esse porto a suportar produção de Carajás até 2015, momento em que a produção de minério de ferro a ser exportada pela Vale alcançará 230 milhões de toneladas por ano. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Legal saber dessas coisas, pois quase não temos informação clara, detalhada, sobre os grandes temas do desenvolvimento econômico na Amazônia. Os jornais são só detonação e alguns blogs só fofoca. Parabéns a você e ao Fábio Castro, por tematizarem essas informações!