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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O lado D do Brasileirão

Luís Augusto Símon, da revista ESPN (originalmente publicada na edição de julho da revista ESPN)

São 40 clubes de 25 estados brasileiros. Vão se enfrentar durante quatro meses, em um campeonato regionalizado, com 154 jogos que merecerão nada mais que notas de rodapé nos jornais e revistas, alguns parabéns nas rádios e poucos segundos nas grandes redes de televisão. É a Série D.
“D” de desprezada. A CBF, ao divulgar o regulamento da competição, não fala nada de premiação, nem ao menos ajuda para transportes. “Estamos sozinhos, sem ajuda. Pelo menos isso significa que os clubes mais bem organizados terão alguma vantagem. É uma situação muito difícil fazer futebol assim”, diz Raimundo Queiroz, diretor de futebol do Santa Cruz, ex-presidente do Goiás.
A falta de ajuda para transportes é sentida principalmente pelos paraenses. Quando estão na Série A, por exemplo, são obrigados a constantes e cansativos deslocamentos, ao contrário de clubes do Sudeste. “A Série D é regionalizada, mas para nós não muda muito. Temos de usar o avião sempre”, diz Lucival Alencar, vice-presidente do Remo. Ele cita o jogo contra o Cametá como exemplo. “São apenas 150 quilômetros, mas se for de ônibus, temos de passar por três balsas em rios. Então, temos de fretar avião e é um gasto muito grande.”
O médico Ulisses Salgado, presidente do América-RJ, é enfático na crítica à CBF. “Ricardo Teixeira abandonou 40 clubes à própria sorte. E isso em um ano em que a CBF, por causa da Copa, vai faturar muito dinheiro. É um erro muito grande, porque esse campeonato poderia revelar bons jogadores.”
Sem apoio oficial, o convite para disputar a Série D foi gentilmente recusado por vários times. A debandada maior foi em Goiás. Santa Helena e Anapolina, os indicados, disseram muito obrigado e foram imitados por outros clubes. As vagas ficaram então com o Distrito Federal, que indicou Botafogo e Brasília. Roraima também desistiu, o que favoreceu o Cametá, do Pará.
As desistências se seguiram. Em Minas, o Uberaba foi confirmado após a saída de Democrata e Villa Nova. O Potiguar de Mossoró, no Rio Grande do Norte, entrou após as negativas de Corinthians de Caicó e Santa Cruz-RN. O Santana, do Amapá, deu lugar ao Cristal. O Pelotas substituiu o Veranópolis. E o Murici pediu para sair depois da enchente que destruiu a cidade alagoana.
Entre desconhecidos como Náuas, Vila Aurora e JV Lideral, para três times a Série D tem outro significado.
“D” de desejo. Para Remo, Santa Cruz e América-RJ é o primeiro passo para uma caminhada de ao menos três anos. A possibilidade de subir do fundo do poço à saída. O início do sonho de voltar à Série A.
Em 2009, tudo isso se transformou em um enorme pesadelo para o Santa Cruz. Mesmo com sua fanática torcida comparecendo em grande número nos três jogos (média de 38.246 torcedores), o time não passou da primeira fase.
“Jogamos o Campeonato Pernambucano com um orçamento de R$ 800 mil e diminuímos para R$ 450 mil na Série D. Jogadores saíram, precisamos montar outro time e tudo deu errado. Agora, o planejamento foi muito bem feito”, lembra e lamenta Fernando Bezerro Coelho, presidente do Santa.
O orçamento atual é de R$ 550 mil e foi mantido. O time tem a mesma base do Pernambucano. Os destaques são o atacante Brasão, que ajudou a eliminar o Botafogo na Copa do Brasil, e o veterano Jackson, ex-Palmeiras, Cruzeiro e até Seleção.
Se a situação é ruim, o torcedor e a diretoria do Santa Cruz podem ter algum consolo ao olhar para o Remo. Para o time de Belém, o fato de estar na Série D é um avanço. “Na última temporada, nem isso conseguimos”, lembra Lucival Alencar.
Nos últimos anos, o Remo tem perdido protagonismo mesmo no Pará, onde São Raimundo e Águia despontam para ser o grande rival do Paysandu.
O São Raimundo é de Santarém, próximo ao Amazonas e com muita identidade com o Estado vizinho. Há um grande intercâmbio de jogadores. E o Águia é de Marabá, vizinha à sede da empresa Vale do Rio Doce. Em caso de divisão territorial do Pará (há propostas avançadas), Santarém ficaria no Estado de Tapajós e Marabá, no de Carajás. “Esses times se aproveitam disso e buscam patrocínios regionais, o que o Remo não consegue”, explica o jornalista Tylon Maves, do Diário da Amazônia.
Mas é a força da torcida que faz o Remo ter um bom patrocínio. Empresas fortes da capital investem nos dois times de Belém, mesmo que o Paysandu, da Série C, esteja em posição melhor que o Remo. E como a folha de pagamento é menor, o clube está se recuperando financeiramente. Em campo, a aposta é o armador Gian, ex-Vasco, de 37 anos. “Ele é nosso diferencial”, diz Lucival Alencar.
Se simpatizantes fossem o mesmo que torcedores, o América, citado como segundo clube no coração dos cariocas, sempre teria o seu Giulite Coutinho, com capacidade para 18 mil pessoas, lotado.
Não é assim, mas a construção do estádio é uma das apostas do presidente Ulisses Salgado para sonhar com o acesso. “No Rio, apenas América e Vasco têm estádio próprio. Isso mostra que somos organizados. E que estamos em rota ascendente. Vamos subir na bola, sem tapetão, como em 2009”, diz, em referência ao título da Segunda Divisão carioca. “Quase disputamos um dos quadrangulares finais. Agora, mantivemos o patrocínio da Unimed, que garante o pagamento da folha salarial até o final do ano. vamos gastar com deslocamentos”, diz.
O que o presidente, que contratou Alex Dias, tem certeza é de que não lançará mão de uma arma que seriviria pelo menos para levar gente ao campo. “O Romário é diretor de futebol, encerrou a carreira e não joga mais. Vamos subir sem ele”.
Pena, peixe. Seria uma grande atração para a Série D.

7 comentários:

Anônimo disse...

Caro Ademir, outro agravante, é a eterna má gestão da maioria dos clubes, tanto da série C e D, pelos seus dirigentes, que fazem vista grossa para as dívidas com o INSS e seus empregados - dos clubes e jogadores - que continua uma bola de neve (só aumenta). Caso do Remo com o Baenão penhorado por dívidas trabalhistas etc... Águia e S. Raimundo, caso dos paraenses, parecem ser dos poucos participantes da C que mantém salarios e obrigações sociais/trabalhistas em dias. Motivo pelos quais se mantem em destaque, tanto no paraense como no brasileiro. Em 17.08.10, Marabá-PA.

Anônimo disse...

Será que o Águia tá em dia com o INSS? Ou tá fazendo vistas grossa?
Todos dizem que o Águia tem dono Ferreirinha e Galvão, nao tem eleicao para presidente, nao tem estatuto e é usado como trampolim para eleição 2010 por seu presidente. Até quando isso vai perdurar? Creio que já comecou a cair o reinado de ferreinha e galvao pois o torcedor tem se afastado do estádio em represália ao mal desempenho do time.
Fora Galvão...
Galvao burro, Galvão burro...

Anônimo disse...

TÔ com o das 15:41hs,ta acabando esse reinado e a vaca vai pro brejo após ás eleiçoes pois Ana julia nao vai ser reeleita ao governo estado e Ferreirinha nao passa da roleta dos 10 mil votos e
se o Tarcisio da Tratorpeças nao tomar cuidado vai perder dinheiro que é só o que tem feito patrocinando o àguia.

Anônimo disse...

Ainda tem gente q é contra!? Porra, vamos esquecer política e ser humilde o suficiente para reconhecer que em 11 anos o Aguia já chegou muito longe... Claro que não estamos satisfeitos, pois queremos sempre mais, porém usar a política pra derrubar td trabalho e esforço que o Ferreirinha e Galvão têm com Aguia! Palhaçada! Isso é coisa de adversarios, que tbm concorrem com ele Ferreirinha a deputado.
Eu queria mesmo era ver alguém assumir o Aguia na cara e coragem que ele assume. Quem tá de fora é muito fácil falar, mas procurem saber o que o Aguia arrecada e o que é pago, se na cabeça não der, é só usar uma calculadora que o resultado da matemática é exata.
Parabéns Ferreirinha, o Aguia ainda voará muito alto!

Vida boa é a do vizinho...
Hiroshi você bem sabe qual é a realidade... e que são poucos que fariam a loucura que o Ferreirinha faz por gostar de verdade do Aguia, o nosso Azulão!

Henrique Oliveira disse...

Sou torcedor do Águia - VERDADEIRO - não ligo pra Ferreirinha e muito menos pro Galvão. Desde 2008 o nosso azulão vem nos orgulhando. Gente! larga esse pessoal de mão. Marabá está bem representado no brasileiro, tá na hora de nos unirmos. To falando de futebol. Os problemas pessoais tem que ser deixados de lado. Henrique Oliveira - Nova Marabá.

Anônimo disse...

Ô das 11:03 hs. e dá prá dissociar (separar) um do outro ? O Ferreirinha do Águia é um, o políico Ferreirinha é outro ? Outra coisa, a torcida é sábia. Se não comparece, tem seus motivos. Marabá conta com pouquíssimas, senão 2/3opções de lazer, se assim se deva caracterizar, entre elas - os q gostam - o futebol. Mas, nem só e por isso, devemos nos deixar enganar (seu caso). Algumas restrições contra alguns do elenco aguiano sim, porém e, principalmente, em desfavor de Galvão, apoiado por Ferreira, motivo pelo qual, o time não passa do "quase", tanto no paraense como no brasileiro. Em 19.08.10, Marabá-PA.

Ademir Braz disse...

Caros:
Não esqueci o Águia, não. Mas, para mim, a vitória de 4 x 0 representou, sim, e pontos - mas só veio acrescentar-me mais um temor: o que não mudou nada na equipe. colocado num gráfico, os resultados do Águia parecem o andar de um bêbado: empate, empate, vitória, derrota.
Vem aí o Paysandu, e ninguém nos garante que vai mudar a escrita de mais uma derrota. Todo mundo sabe, principalmente Charles Guerreiro, que o Águia e o Galvão se cagam de medo do time e, em especial, do vovô Zé Augusto, que costuma dar de bengaladas em nosso time.
Tanta irregularidade não dá segurança a ninguém. Reparem que o torcedor pouco vai ao campo ver o time jogar.
Todo mundo sabe porque, o Ferreirinha sabe porque. E as coisas continuam assim porque há algo muito estranho com a gestão do time, que deixa tudo como está.
Estou calado, olhando. Bater de quatro no Rio Branco é como chutar cachorro morto.
Pra mim, era pra gente estar com pelo menos 8 pontos. Não esses cinquins vagabundos.