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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Movimentos criticam ensino

Os organizadores estimam que mais de 300 técnicos, professores e lavradores participaram, de 20 a 30 de maio recente, em Xinguara, da 4ª Conferência Regional de Educação do Campo, promovida pelo Fórum de Educação do Campo do Sul e Sudeste do Pará. Com o tema “Educação do Campo: Juventude, Profissionalização e Projetos de Vida”, a conferência caracterizou-se como espaço de diálogo, reflexão, troca de experiências e de construção de propostas que pautarão a luta para comprometer o Estado na organização e efetivação de uma política pública de educação do campo na região. Documento final do encontro, a Carta de Xinguara reafirma o compromisso com a luta para assegurar às comunidades do campo o direito à educação escolar de qualidade, crítica e criativa, comprometida com a formação intelectual, técnica, política, cultural e humana das pessoas, e contribuir para a conquista de condições de vida digna e de direitos de cidadania aos povos do campo. Mais que isso, elenca denúncias e metas, entre as quais o debate da proposta de desenvolvimento regional, sobretudo o enfrentamento aos projetos de monocultura do agronegócio e de mineração, denunciando suas contradições; reivindicar o fortalecimento da agricultura familiar e camponesa para assegurar sua integração no desenvolvimento regional democrático, socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável; repudiar e denunciar as tentativas de criminalização dos movimentos sociais do campo, seja por autoridades e organismos dos governos ou instituições da sociedade civil, como a imprensa. O Sistema Modular de Ensino (SOME), único meio de oferta de ensino médio da Seduc às populações rurais e em apenas algumas áreas, é denunciado na carta por sua “completa desestruturação político-pedagógica (baixa qualidade e descontextualização do ensino), rotatividade e externalidade da equipe de professores; problemas de gestão do programa; professores que não se predispõem a conhecer a realidade e nem adotar a pesquisa como prática educativa. Eis porque será cobrada da Seduc uma política de ensino médio do campo com qualidade, diálogo, respeito aos campesinos, e cursos integrados com a profissionalização. Outra proposta é cobrar do governo estadual, através dos seus órgãos, participação efetiva nos eventos e discussões da educação do campo, em especial com representantes que tenham poder decisório. Os camponeses também pretendem cobrar das prestadoras de assistência técnica (Ates) e da Emater “que suas ações contribuam para a sustentabilidade camponesa nas dimensões ambientais, sociais, econômicas e culturais e que não reduzam as atividades de assessoria técnica a enfoques tecnicistas que poderão contribuir para reproduzir condições que inviabilizam a territorialização camponesa”, assim como incentivem a participação dos jovens nas suas atividades e que procurem desenvolver atividades articuladas e em parceria com as escolas do campo. A carta denuncia, adiante, iniciativas que tentam deslegitimar e inviabilizar o Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), que nesses dez anos concorreu para consolidar o movimento de Educação do Campo. Assinam o documento representantes do MST, Fetagri/Sudeste do Pará, STRs de Pau Darco, Conceição do Araguaia, Rondon do Pará, Xinguara, Redenção; Escola Família Agrícola de Marabá; Casas Familiares Rurais (CFRs) de Tucuruí, Conceição do Araguaia,Tucumã, São Felix do Xingu, Santa Maria das Barreiras, Copserviços; Emater de Marabá, São Felix do Xingu, Curionópolis e Rondon do Pará; Incra SR27; CPT de Xinguara, Tucuruí, Tucumã e Conceição do Araguaia; Sintepp/Rio Maria; UFPA/Campus de Marabá; Campus Rural de Marabá/IFPA; Secretarias Municipais de Educação de Marabá, Xinguara, Parauapebas, Rio Maria, Conceição do Araguaia, Nova Ipixuna, São Geraldo do Araguaia e Itupiranga; Instituto de Ação Legal/Marabá; Projeto Casulo/Xinguara Cepasp/Marabá.

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