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sexta-feira, 27 de março de 2009

Para lembrar da poesia

Espelho Ademir Braz “Os amantes são como espelhos onde nos vemos com mais clareza.” Acordo repentino e sobressalto: com olhos amarelos clandestinos espreita uma agonia em meu sapato. Acordo e vem à tona o desatino dos dias remotos de amores infelizes; do rosário de marias, das dores, das raízes deste naufrágio no sujo mar de sargaços a que me levaram a fome e a sede de abraços para o amor oculto entre a alma e as heras do doido rio de mim, e do deserto em que feras repousam à luz das flores no meu peito. Falhei por inteiro nesse intento: dos altares, onde deitei minhas oferendas (aquilo que julgava as melhores prendas), levou-as para longe o vasto vento. Perdi. No amor eu sempre perco. E volta a vida a vegetar no seu esterco. Mas, se este é meu fado, que jeito senão ir adiante sem temores? Que mal ou bem ainda me espera além da porta em que o espelho vela suas desilusões, seus desamores? Foto: Ademir Braz

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